As respostas de Helder Magalhães "Piúi"


Começamos por querer saber todo o teu curriculum desportivo.
Vim para Portalegre estudar no ano 2000 e acabei por ficar por cá.
 Quando era mais novo somente jogava "à bola" com os amigos nos torneios e sempre estive nas equipas inter-escolas...
Mais a sério e federado só comecei a jogar futsal na ESTG no ano 04-05. No ano a seguir fomos campeões (05-06), ganhamos a taça e a supertaça. Nesse mesmo ano fomos à Irlanda ao campeonato do mundo de escolas representar portugal em futsal. No ano a seguir (06-07) subimos à 3ª divisão. No ano 07-08 mudei-me para o Reguengo para poder jogar com os meus amigos e onde me diverti a jogar até ao ano passado. A época que terminou(10-11) e graças a um projecto novo da Povoa, decidi fazer mais um esforço e realizar mais uma época a jogar.


Conta-nos a tua experiência, da participação no Campeonato do Mundo de Escolas.
Nós fomos para Dublin com o pensamento de desfrutarmos do momento e foi isso mesmo que aconteceu. Convivemos com equipas de todo o mundo, masculinas e femininas, de todos os tipos de desporto. Só equipas de futsal eram 25, por isso nem me atrevo a dizer ao certo qual o número total de equipas que participaram... Por toda a cidade só se via jovens com equipamentos das várias universidades o que originava logo convivio entre todos.
 Lembro-me de dois jogadores muito bons, o capitão da Servia que tinha uma finta muito curta e super rápido... Muito dificil de parar. E outro que jogava numa equipa russa que defrontámos. Uns dias mais tarde vimo-lo a jogar na tv, no Dinamo de Moscovo contra o Sporting na UEFA Futsal Cup. Penso que isto demonstra muito bem o nível com que nos deparámos na Irlanda. Disputámos 4 jogos. Perdemos com a Servia, o Irão e com a Russia (que viria a tornar-se campeã) e ganhámos à Turquia por 5-0.
Os russos levavam aquela experiência muito a sério e recordo-me de dois episódios muito caricatos, um deles era que os russos sempre que queriam fumar iam para as casas de banho (para o treinador não os ver) o que fazia sempre o alarme de incêndio disparar em todos os almoços....
Outro foi que depois de uma noite de copos na discoteca, estavamos nós a chegar ao hotel (por volta da 6h da manha!!) pra irmos descansar um pouco já os russos se tinham levantado para irem correr!!!! Encontrámos equipas muito bem preparadas, onde o objectivo delas era formar jogadores que queriam ser profissionais no desporto ao contrário de nós e no final de tudo, a viagem tornou-se numa experiência muito agradável que gostávamos de repetir , mas que nunca foi possível...


As tuas ambições desportivas foram alcançadas ou o que faltou?
Eu quando comecei a jogar não tinha qualquer ambição. Queria simplemente divertir-me um pouco a jogar, mas a nível distrital ganhei tudo o que há. Tive também a possibilidade de poder jogar na terceira divisão nacional e bater-me com jogadores de nivel superior e assim aperceber-me da enorme diferença que existe entre as divisões. Penso que ambicionar mais do que isto já era demais.... J

(RenatoMatos) Quais os momentos mais marcantes/positivos enquanto jogador de futsal?
Sem duvida que tenho de eleger a época na ESTG em que fizémos o “Triplete” e em seguida fomos jogar ao Campeonato do Mundo de Escolas como o momento mais alto. E o pior momento foi aquele triste acontecimento num jogo em Campomaior. Esta situação vai contra tudo o que sempre defendi enquanto atleta e que nem sequer vale a pena recordar.

O que te levou a ir jogar para  a ACD Póvoa e Meadas?
O projecto que o Jerónimo e o Hugo Mangerona me apresentaram no inicio da época era muito ambicioso. Passava essencialmente por jogar numa equipa com muitos jogadores jovens, mas todos com grande potencial para o futsal. Precisavam de três ou quatro jogadores já com alguma experiência dentro de campo e que os pudesse ajudar e a evoluir sempre com o objectivo de ficarmos o mais próximo dos lugares cimeiros.

Como explicas o facto de chegar à equipa da Póvoa e Meadas esta época e ser logo promovido Capitão de Equipa?
Foi por eleição dos jogadores e elementos técnicos. Penso que tenha sido pela minha maneira de estar dentro e fora de campo, sempre a gritar, a corrigir posições e a puxar pela equipa. Por isso o grupo, com jogadores jovens, olhava para mim como um líder e penso que nisso talvez não os tenha desiludido. Foi um orgulho enorme poder guiá-los esta época.

(Jerónimo Relvas) Como classificas esta época na Póvoa e Meadas?
A época correu muito bem. Fizemos uma grande primeira volta e chegámos à final da taça. Nada mau para um primeiro ano. Foi pena não termos ganho a final, mas ganhámos dois jogos para lá chegarmos que mais pareciam autênticas finais.

O facto de boa parte da época terem andado (muito) bem classificados, a que se deveu?
Ao grupo. Tínhamos um grupo muito forte e unido e deixávamos tudo o que tínhamos em campo. Éramos muito aguerridos e lutávamos sempre pela recuperação da bola. Tínhamos uma defesa sólida e concisa. Partíamos desse ponto para procurar os melhores resultados. Até certa altura da época o nosso mote era “Se não sofrermos golos, não perdemos os jogos”.

O que se passou na ponta final do Campeonato para de 2.º classificados acabarem em 4.º?
Sem dúvida que foi por termos perdido a nossa consistência defensiva. Tinhamos a esperança de poder fazer uma segunda volta ainda melhor do que a primeira e como tal queriamos ganhar todos os jogos para nos mantermos lá em cima. A necessidade de ganhar todos os jogos foi o nosso maior erro. Penso que se jogássemos sem pressão poderíamos ter ficado melhor classificados.

Descreve o segredo para chegarem à Final da Taça AF Portalegre.
Foi muito difícil. Nos quartos tivemos de ganhar ao SIR em penalties, num excelente jogo muito emotivo. Penso que qualquer uma das equipas poderia ter ganho.
Nas Meias apanhámos o Reguengo. Ainda não lhes tinhamos ganho este ano e foi preciso estarmos muito concentrados para não errarmos e assim aproveitar os erros deles. Tínhamos de aproveitar o favoritismo deles para lhes colocar pressão. Conhecemos bem os jogadores deles e sabíamos do que eram capazes se os deixássemos jogar. No final do jogo acabámos por ganhar merecidamente.

Que argumentos tinham e pontos fracos a explorar, para levarem de vencida o SC Campomaiorense na Final da Taça?
Sabíamos que eles individualmente são muito fortes e que se os deixasse-mos ia tornar-se muito difícil pará-los. Acima de tudo tentámos jogar o jogo pelo jogo (afinal de contas era uma final), o que conseguimos até certa altura. Altura essa em que veio ao de cima a maturidade deles e aproveitando uns minutos de menor concentração nossa, conseguiram virar o jogo. A partir desse ponto tornou-se muito difícil para nós. Ainda tentámos no inicio da 2ª parte, depois mais com o coração do que com a cabeça, mas não foi fácil contra jogadores com experiência nestas andanças...

(João Vintém e Didi) Descreve o pior e melhor momento da época.
(Didi) Durante esta época, o que achas que correu melhor e o que correu pior...
Tenho “dois piores momentos” nesta época que não vou esquecer. O primeiro, foi ter de entrar em campo contra grandes amigos, a quem devo muito por todos estes anos a jogar, e o segundo foi não ter conseguido ganhar a Taça, tendo assim perdido a hipótese de fazer o meu último jogo, desta minha curta carreira numa equipa com os meus amigos (Povoa) contra os meus amigos também (Reguengo). O que correu melhor foi a união do grupo da Póvoa. Conseguimos mantermo-nos unidos até ao fim apesar de algumas “azias” e de resultados menos bons no final da época.

Caso a equipa se mantenha para a próxima época, o que pode ambicionar?
Espero que a equipa se mantenha para a próxima época e se tal acontecer, este jogadores jovens com mais um anito nas pernas e com a ajuda de um ou dois jogadores experientes pode ambicionar á conquista do título e/ou da taça. E porque não pensar assim...
Se nesta primeira época andámos sempre nos lugares cimeiros e o que nos fez falta foi mais um pouco de experiencia para nos batermos de igual para igual com equipas como o Reguengo, o Campomaiorense e o SIR, acho que depois desta última época essa lacuna pode ficar resolvida e ambicionar ao primeiro lugar. Há que ter consciência que não é fácil mas não é impossível.

Partilha connosco um ou dois episódios que jamais esquecerás, na tua vivência desportiva.
J Tive um treinador que nos pedia para chutar de bico ao ângulo!!!! J Não era fácil, mas era o que ele queria!!!!
Um outro episódio foi o jogo que a ESTG fez em Rio de Mouro! Ainda hoje nos fartamos de rir com essa história. Fomos só 6 jogadores e 2 deles eram guarda-redes!!! Éramos parecidos com tudo menos com uma equipa de futsal.... O nosso aquecimento foi de rir. Eram bolas pelo ar, de um lado para o outro. Tudo feito sem o mínimo sentido e a equipa de Rio de Mouro todos concentrados a aquecer e a treinar jogadas e remates e nós nada!!!!!heheh. Por incrível que pareça, ao intervalo estávamos a ganhar 2-0!!! O Felismino (grande máquina) das 2 vezes que passámos o meio-campo!!! pega na bola e faz dois golos.... O treinador da outra equipa nem queria acreditar que isto estava a acontecer e a nós só nos dava vontade de rir. No final do jogo acabámos por perder, mas aquela primeira parte ainda hoje nos faz chorar a rir…
Outro grande momento foi a atribuição da “camisola amarela” ao Cabeçinha pelo Felismino... Esta vai ficar para sempre....(só para alguns perceberem) J

És capaz de selecionar o melhor 5 inicial da época?
Torna-se difícil para mim escolher o melhor 5, pois este ano apareceram mais e melhores jogadores. Como não vi os jogos todos de todas as equipas, só me posso referir aos jogadores que joguei contra. Entre muitos, para mim o melhor 5 da época foi: GR o Vampiro (Póvoa). Trouxe uma grande consistência à baliza, e daí também a sua contribuição para uma das  defesas menos batidas do campeonato. Foi pois graças a ele que a Póvoa ultrapassou o SIR em penalties na Taça. Depois o Julinho (Reguengo) ele transmite  muita segurança aos colegas de equipa, uma vez que não é fácil passar por ele. Muito experiente.  A seguir o André Reis (Campomaiorense) parece-me um poço de força, não dá uma bola perdida e deixa tudo o que tem em campo. A ele, muito se deve a boa ponta final do campeonato, a conquista da Taça e Supertaça por parte do Campomaior. Em seguida o Elton (Campomaiorense). Não é preciso dizer muitas palavras em relação a ele. Toda a gente lhe reconhece o devido valor e pela segunda vez, é o melhor marcador do campeonato. Por fim e para mim, o melhor jogador da época é o João Vintém (Reguengo). Graças a ele o Reguengo foi campeão. Ele decidiu jogos importante e deixa tudo o que tem em campo. Ataca bem, defende ainda melhor e desiquilibra jogos que parecem perdidos. Que mais dizer daquele que liderou o Reguengo para a conquista do título.

Entendes ser útil criar formação juvenil para a modalidade? E Selecção Distrital de Seniores?
Acho essencial a criação da formação em futsal. A modalidade não consegue sobreviver só com os jogadores que deixaram de ter oportunidades no futebol de 11 e assim optam pelo futsal.
É necessário os mais jovens terem também a oportunidade de tentarem jogar e praticar. Ter formação em futsal significa que daqui a uns anos o futsal sénior o distrito terá mais e melhores atletas para poder competir com outras equipas de outros distritais ou até nos nacionais. Fazer o que o Eléctrico está a fazer na 3ª divisão não é fácil, mas com a formação certa dos jovens, daqui a alguns anitos é possível ver mais equipas do distrito nos nacionais. É uma pena que equipas campeãs não tenham condições para subir aos nacionais, tanto por falta de apoios como de jogadores para lá se baterem condignamente.
Mas a criação de formação significa mais tempo em pavilhões para se treinarem e isso é muito difícil. Dando o exemplo da cidade de Portalegre, que é a realidade que conheço, se por acaso as equipas da cidade quiserem apostar na formação, onde vão pôr os jovens a treinar?! Se o Desportivo, o Estrela, o Portus, o Reguengo e outras mais equipas que apareçam quiserem apostar na formação, onde vão colocar os jovens se a cidade só tem o pavilhão municipal e o pavilhão do liceu disponíveis para todo o tipo de modalidades amadoras??!!
Além de ser útil a formação juvenil para a modalidade, também era necessário pressionar as autarquias para disponibilizarem mais infra-estruturas, não só para o futsal, mas também para todas as modalidades praticadas dentro de pavilhões.

Menciona duas ou três “regras de ouro” para se praticar Futsal?
A principal é ter espírito de grupo. Penso que, mais do que saber dar uns chutos na bola, é necessário saber estar com a equipa e com o grupo nos momentos bons e menos bons. Outra é ser inteligente dentro do campo. Saber colocar-se e perceber como as jogadas se vão desenrolar é essencial.

(Catarina Conchinhas) O que mudou no futsal em Portalegre (distrito) desde que cá jogas?
Mudou muita coisa. Umas levaram a outras: em primeiro o numero de equipas. Na minha primeira época só existiam 4 equipas. Tinha-se de fazer um torneio de abertura e depois é que era o campeonato a “sério”. Com o aparecimento de mais equipas aparecerem também muitos mais jogadores o que elevou a qualidade dos jogadores do distrito. Depois a qualidade das arbitragens também melhorou, apesar de ainda não estar no nível desejado, pois os arbitros que apitam futsal são os mesmo que uma hora antes estavam a apitar o futebol de 11 e acredito que não errem de propósito, mas devem-se confundir nas regras... e por fim melhorou também a qualidade dos treinadores.

(Jorge Garção) “O que ainda é preciso melhorar para termos melhor futsal?
Começar a apostar na formação. Tanto de Jogadores, como de Treinadores, como dos Árbitros. As melhorias podem não aparecer de uma época para a outra, mas certamente é o caminho para um futsal distrital melhor.

(Tiago Pernas) Quando parares de jogar futsal como te vês associado à modalidade?
Gostava muito de trabalhar na formação, mas para isso é necessário ter muito tempo disponível, coisa que não tenho.

De onde vem o nome “Piúi”?
Foi um amigo meu que me chamou pela primeira vez. Numa noite de “copos” ele queria-me chamar de “Tweety” (como o boneco animado), mas tava sempre a enganar-se e a chamar-me piúi... Enganou-se tantas vezes que acabou por ficar.... J

(João Vintém) Descreve o que é... “seres um rato?”
Heheheh... Ser rato... É ter olho prá coisa!!! Estar sempre em cima do acontecimento. Ser mais esperto e astuto que os outros... Ser velhaco e manhoso!!! J

Para terminar, peço que deixes uma palavra a quem aqui escreveu acerca da tua pessoa, bem como uma mensagem para os Seguidores deste Blog, atletas e fãs de futsal.
Antes de mais quero agradecer ao João Valente a oportunidade de participar nesta actividade do blog. Agradecer-lhe também pelo “Pixeis de Desporto”, não só por mim mas por todos os praticantes e amantes da modalidade pois o blog veio preencher uma lacuna enorme que existia que é a informação. Antes as coisas aconteciam e ninguém sabia. Também ele acabou por ajudar a melhorar o futsal no distrito e por isso eu estou-lhe muito grato. Desejo-lhe a melhor sorte no futuro. Seguidamente agradecer também a quem participou na rubrica do blog tanto com questões como comentários encorajadores para mim...
Por último e visto que a época que passou foi a minha última como praticante, em jeito de despedida, quero agradecer a todos as equipas, adversários, companheiros, colegas e amigos pelos bons momentos que passei a praticar futsal. Deixei grandes amigos por todos os pavilhões e assim é que deve ser sempre.

A todos desejo felicidades para o futuro e um Muito Obrigado por tudo.

Piúi
Helder Magalhães


Agradecemos a disponibilidade do Helder Magalhães "Piúi" para esta "conversa".

1 comentário:

Rui Realinho disse...

Grande capitão, queria agradecer-te pelo teu grande trabalho nesta modalidade, se abandonares definitivamente a modalidade esta vai ficar muito mais pobre, mas a vida é assim mesmo...As tuas exibições vão deixar saudades nos nossos pavilhões!!
Um grande abraço senhor hélder magalhães..