As respostas de Francisco Aragonêz

Começamos por pedir o teu percurso e curriculum desportivo.
Como todo o jovem, comecei por jogar futebol 11 (na altura ainda era futebol 11 e não futebol de 7) na equipa da minha terra, a Associação Desportiva de Alter. Posteriormente e ainda nas camadas jovens joguei no Atlético Clube Fronteirense, voltando à A. D. Alter para jogar nos seniores de futebol 11. Posteriormente representei o Futebol Clube do Crato (a última equipa onde joguei futebol de 11). Foi na Aldeia Velha que representei a primeira equipa de futsal. Esta ligação durou cerca de 4-5 anos e tive a felicidade de ser campeão distrital, vencedor da taça e supertaça da Associação De Futebol de Portalegre.
Terminada a ligação à equipa do concelho de Avis, joguei da A.R.C. da Boa Esperança (Castelo Branco), onde fui campeão da 3ª divisão Nacional de futsal. Foi sem dúvida o título mais importante, como jogador.
Após terminar a época em Castelo Branco assumi o lugar de treinador – jogador do Eléctrico Futebol Clube (futsal), onde exerço a função de jogador e treinador há mais de 3 anos. Neste tempo, conseguimos vencer um campeonato distrital, uma taça e uma supertaça. Mais significativo, foram os 9º e 5º lugar alcançados na 3ª divisão nacional.
Além deste cargo, sou igualmente treinador dos Infantis do Eléctrico Futebol Clube, indo na segunda época como treinador desta equipa.

O que significa para ti representar o Eléctrico?
            Dou imenso valor às pequenas equipas do distrito, que ano após ano, lutam para levar as suas colectividades a um patamar digno de registo, no panorama distrital. Ainda assim e em minha opinião, o Eléctrico é hoje em dia um clube de nível regional – nacional e, não apenas de nível distrital. É um clube bastante eclético e tem muitas equipas e atletas nos nacionais das diferentes modalidades. É com muito orgulho que represento esta colectividade e tento dar o melhor de mim, para a ajudar a crescer. No entanto, devo também mencionar, que em todos os clubes por onde passei, fui igualmente bem tratado, ficando com amigos em todos os clubes e colectividades, sendo igualmente uma honra, para mim, ter representado todas as colectividades que representei.

“Qual foi a sensação de fazer dois golos no pavilhão da Luz, diante de Zé Carlos, o antigo guarda-redes do Sport Lisboa e Benfica.
Sinceramente não me deslumbrei muito. Com toda a sinceridade, fiquei com a sensação que havia colegas meus, que naquele jogo mereciam ter feito os golos que fiz, pois naquele jogo fizeram exibições mais agradáveis que a minha. No entanto e porque também gosto que me aconteçam boas coisas, desfrutei dos golos, com normalidade e alguma alegria.

(*) Qual a perspectiva para a época que está a decorrer (futsal e futebol 7)?
No futsal espero que a equipa se mantenha na 3ª divisão de futsal. Esse é o grande objectivo. Depois e se possível, gostaria que a equipa conseguisse igualar ou melhorar o 5º lugar do ano passado.
No que respeita ao futebol 7, quero chegar ao fim da época e sentir que a equipa evoluiu nestas duas épocas, em que fui seu treinador. Quero ter a consciência que todos os jogadores (sem excepção) são melhores jogadores (e jovens). Por fim, gostaria muito, que daqui a 8 anos, encontrar alguns jogadores que passaram nas “minhas equipas” a jogar nos seniores do Eléctrico. Este tem de ser o grande objectivo da formação. Gostaria de ganhar títulos nas camadas jovens, mas principalmente quero trabalhar para formar e não apenas para ganhar.

Na fase de arranque do Campeonato Nacional, os 3 primeiros jogos registaram os três tipos de resultado possíveis.
Sim, é verdade. Vencemos bem “Os Patos” e também posso considerar justa a derrota com o “Vilaverdense”, pois nesse jogo cometemos muitos erros. Apenas o empate em casa com a União Desportiva de Leiria na 1ª jornada teve “amargo de boca”, pois a 8 minutos do fim ganhávamos por 3-1 e não tivemos a serenidade para manter o resultado. No entanto e passadas 6 jornadas, estamos a cumprir os objectivos, pois encontramo-nos actualmente em 6º lugar.
De que forma estudam os adversários que vão ter de defrontar?
Não estudamos. Apenas conhecemos os adversários de anos anteriores e dos jogos da 1ª volta. Não temos possibilidades em termos de recursos humanos e materiais para observar os adversários. No entanto, posso garantir que conhecemos a maioria dos adversários. Se não conhecemos os jogadores, conhecemos a maneira de jogar das equipas, pois a maioria utiliza o mesmo sistema de jogo (por norma) ano após ano.

Na forma de jogar futsal, na tua opinião o que é que distingue o futsal praticado no Distrital do Nacional?
A maioria das equipas do nacional são mais fortes fisicamente, pois treinam mais vezes e de forma sistemática (neste aspecto não nos incluímos). Também são mais evoluídas técnica e tacticamente do que as equipas do distrital, para além de serem mais eficazes. Penso que o nosso distrital, ainda é dos mais fracos a nível nacional. Algo que não nos deve envergonhar. Deve sim, motivar para evoluirmos e trabalharmos mais, de modo a equipararmo-nos com os outros distritos.
Neste ponto queria acrescentar, que só a jogarmos com os melhores (no nacional) conseguiremos evoluir. Repare que o distrito de Santarém (que também é fraco em termos de futsal, tendo em conta a qualidade das equipas de outros distritos), subiu este ano duas equipas para o nacional e o nosso distrito nenhuma. Mesmo que as equipas que sobem do nosso distrito, desçam nesse mesmo ano, os jogadores irão adquirir experiência e com certeza vão evoluir.

De que forma fazem prospecção de jogadores para o plantel?
A prospecção é fácil de realizar, pois o distrito é pequeno e felizmente conheço muita gente e tenho muitos amigos, que por vezes me apontam alguns “possíveis” reforços. Se conheço o jogador dou o minha opinião, se não conheço tento arranjar informação e vou observar o jogador (se possível).
Tentamos também encontrar algum reforço (de qualidade) nos distritos próximos do nosso, principalmente em Évora ou Santarém.
De resto, tentamos ter jogadores da Ponte de Sor e do distrito, sempre com a disponibilidade para receber jogadores fora deste contexto (onde me incluo, pois não sou natural da Ponte de Sor).
Não temos muito mais possibilidades, pois o clube já tem muitas despesas, ao proporcionar que os “atletas da terra”, mas que estudam ou trabalham fora da cidade, venham treinar semanalmente. Dentro das nossas dificuldades, tentamos arranjar bons jogadores e rentabilizar jogadores que jogam em equipas mais “pequenas”, estando sempre disponível para receber qualquer atleta que queira mostrar as suas capacidades, nos nossos treinos (treinar à experiência).

A táctica a usar jogo após jogo muda consoante a equipa que vais defrontar?
Muito raramente. Não tememos nenhuma equipa e somos fiel ao nosso estilo de jogo, até porque temos pouco tempo de treino e não me parece indicado, utilizar várias tácticas, sem ter tempo para as treinar. O que pode acontecer (mas também pouco acontece), é mudar os jogadores e as suas características consoante o adversário.

Qual a formula usada para se preparar os embates seguintes, em termos de análise ao adversário?
Como não observamos os adversários, parto do princípio que a equipa joga de maneira idêntica ao ano passado e tento relembrar aos jogadores, a maneira como joga o adversário e o que temos de fazer para os vencer.
Curiosamente, na única derrota que temos esta época, foi com uma equipa que não conhecíamos. No entanto e após observar os jogadores (antes do jogo), disse aos meus jogadores que a equipa adversária seria mais veloz e praticaria um futsal mais rápido e elaborado que o nosso. Foi o que aconteceu.
Perdemos esse jogo, não por não estarmos preparados, mas sim porque cometemos muitos erros individuais.

Sendo 2 os treinos semanais (1 deles à sexta-feira), de que forma tu e os teus atletas se preparam fisicamente?
Sejamos honestos: sendo 2 treinos semanais e 1 deles à sexta-feira (antes do jogo), não é possível realizar um trabalho sistemático, em termos técnico-táctico e principalmente físico. A distância que existe entre os treinos e o jogo, torna muito difícil realizar um microciclo e as suas características.
Tento, dentro do que acontece normalmente durante os jogos, preparar fisicamente a equipa, para dar resposta às necessidades que o jogo requisita.
Devo também dizer, que o facto de a equipa jogar à vários anos junta, facilita o trabalho táctico da equipa. No que respeita à técnica dos jogadores, todos sabemos que a qualidade desta equipa, é elevada.

E com os treinos semanais (2) são suficientes para os atletas terem tudo devidamente assimilado?
Por vezes não. No entanto tentamos trabalhar o fundamental e, deixar que a capacidade de esforço e a dedicação desta equipa, suprima as restantes dificuldades que nos surjam.
Há um ponto muito importante que devo referir: a questão fulcral, não é se treinamos 2 ou 3 vezes, mas sim o dia em que os treinos acontecem. Se treinássemos à terça e quinta-feira, o trabalho seria mais sistemático. No entanto e ressalvo mais uma vez, que o facto de treinarmos apenas à terça e sexta-feira, não será desculpa, para eventuais maus resultados.

Que extras foram necessários para se conseguir adaptar a equipa ao campeonato Nacional?
Como deve saber, as primeiras jornadas (no ano em que subimos pela primeira vez no nacional) foram uma desgraça. À 7ª jornada tínhamos 5 derrotas, 1 empate e 1 derrota, onde perdemos os 4 primeiros jogos. Já se adivinhava que descêssemos e que fizéssemos poucos pontos. Digo-lhe que encontrei (mais o João Guerra, na altura adjunto) mais os jogadores, alguns problemas e, devo-lhe dizer, que foi preciso ir muito ao fundo, ao interior de cada um (dos que estavam interessados em manter a coesão da equipa), ao espírito vencedor de todos os atletas (foram excepcionais) para sairmos do “buraco” onde estávamos metidos. Os jogadores sempre estiveram ao meu lado e é graças a eles que hoje em dia, ainda sou treinador do Eléctrico.
Não me posso esquecer, do papel do presidente do clube e dos directores da modalidade, que me “seguraram” e acreditaram no meu trabalho, quando muitos queriam outro treinador (situação que é compreensível e que eu próprio assumi).
Resumindo, foi uma época de difícil adaptação (o nível competitivo é bastante diferente), que só acabou bem, porque tínhamos e temos um excelente grupo de trabalho.

Na tua opinião, quais são os pontos fortes da tua equipa?
A atitude e a responsabilidade com que defendemos este clube e o representamos, são pontos muito fortes. Depois temos jogadores muito evoluídos técnica e tacticamente. Também o apoio do público em todos os jogos (casa) é fundamental para o sucesso da equipa.

Em primeiro lugar, quero agradecer publicamente ao Francisco a oportunidade que tive de trabalhar com ele e com o GRANDE plantel do EFC durante uma época. Em segundo, louvar o excelente trabalho realizado, pois no 1º ano como treinador-jogador do EFC conquistou, Campeonato, Taça e Supertaça, conseguindo nos dois anos seguintes manter o EFC na 3a Divisão Nacional. Em terceiro, gostaria de perguntar ao Francisco se após a retirada da quadra como jogador, pretende enveredar pelo treino de jovens atletas (futebol) continuar o trabalho no Futsal Sénior, ou conciliar as duas formas de treino?
Abraço e que esta época concretizem os vossos objectivos !
Antes demais devo dizer que o João Guerra provou que é um grande amigo e um excelente treinador. Não é fácil ter 20 e poucos anos e em momentos difíceis, como os que passámos na época em que trabalhámos juntos, mostrar a maturidade e a lealdade que me demonstrou. Sempre foi claro, que apoiava as minhas decisões, fossem quais fossem e que seria sempre solidário com estas. Inclusive, a partir de um certo momento da época, entreguei-lhe a responsabilidade de executar decisões (nos jogos) sempre que entendesse necessário (e que eu, por estar a jogar, não as constatasse), saindo-se na maioria das vezes, com sucesso. Deixo também aqui, o meu obrigado.
Respondendo à sua pergunta. Após pendurar os ténis (devem faltar muito poucos anos), espero continuar a treinar seniores (de futsal) ou seniores de futebol de 11, pois com o passar dos tempos, tenho vindo a interessar-me cada vez mais pelo treino desta modalidade. Espero principalmente, não me desligar do futebol de formação, que é o meu grande interesse. Penso que poderei trabalhar no futebol sénior e infanto-juvenil, tendo como é óbvio muito para aprender e muita formação para “tirar”. Após concluir a minha formação profissional, espero “apostar” em formações de futebol e futsal.

Suponho que siga o distrital, tendo em conta a época passada, qual é o seu top 5 de jogadores?
Infelizmente não consigo seguir. Se tivesse disponibilidade, com certeza que seguia. Devido a esse facto, a minha equipa ideal, nunca será muito fiável, pois há jogadores que não conheço. No entanto arrisco, um “5” dos jogadores que conheço: O Guarda-redes do Sousel (não sei o nome, mas tem enorme margem de manobra), ainda que tenha de destacar o “veterano” Sardinha; Rui Lopes (um jogador de nacionais, claramente); Pedro “Gatxé” (tenho pena que nunca representasse a minha equipa. E tentei mais do que uma vez); Martinho Cocheira (um amigo com quem partilhei muitos anos de futsal e que foi sempre um excelente jogador); André Marmelo (um jovem com muita qualidade e que poderia singrar nesta modalidade); Elton Carrilho (vi-o jogar uma vez e pareceu-me um excelente jogador).
Depois há mais jogadores que poderiam estar nesta equipa (caso acompanhasse mais o distrital), como é o caso de alguns jogadores da SIR (vi jogar uma vez, no ano passado e pareceu-me ter bons jogadores que não conheço; do Campomaiorense (que é o campeão), do Reguengo (inclusive o veterano Miguel Rodrigues) e de outras equipas (o João Vintém, o Sebastião Passeiro, o João do Nisa, o Paulo Paixão da SIR, etc…)

É possível sonhar com uma equipa do distrito de Portalegre na 2ª Divisão na próxima época?
Sonhar é possível, mas é muito complicado. Se tivessem ideia dos jogadores que vêem das equipas (zona de Lisboa) da 2ª e 1ª divisão para as equipas da 3ª divisão daquela zona, do número de vezes que essas equipas treinam (juntamente com as equipas da zona de Leiria e Coimbra), constatavam que já fazemos muito ao ficar em 5º lugar. Se estivéssemos na série D (penso que é mais acessível) o sonho poderia ser mais próximo. Nesta série onde predominam equipas de Leiria, Coimbra e Lisboa (distrito onde o futsal é muito evoluído), é muito difícil manter uma regularidade que nos permita subir de divisão. A juntar à grande oferta de jogadores, o número de sessões de treino dessas equipas (em média 3 e nunca à sexta-feira) fazem a diferença, em relação à nossa realidade.
No entanto, se ao longo da época, formos coleccionando bons resultados, poderemos sonhar com esse objectivo. No ano passado, a 4 jornadas do fim do campeonato, estávamos a apenas 4 pontos do 2º lugar.
Não basta ter vontade e bons jogadores (pois isso temos), pois o trabalho semanal e mensal fazem a diferença nos pequenos pormenores. Se me perguntarem, se podemos ganhar a qualquer equipa da nossa série? Claro que sim. O que nos falta é manter a regularidade em termos exibicionais e de resultado.

E o facto de durante os dois últimos anos não terem subido equipas do n/ Distrital... que leitura faz?
Essa pergunta é-me feita muitas vezes e não quero com a minha opinião, criar algum problema ou criticar as equipas que são campeãs e não sobem. Cada equipa sabe de si e terá as suas razões (que respeito) para não crer subir. Apesar de respeitar, gostava que tivessem subido. Sei o quanto é difícil ter pouco dinheiro para investir ou ter poucos jogadores e número de treinos para treinar, mas penso que as equipas que não têm condições para subir, não devem ser campeãs. Pode desvirtuar um pouco o campeonato, mas permite subir quem quer, ou então, mesmo com poucas “possibilidades de sucesso”, as equipas devem subir e assim evoluir.
Já me vi numa situação idêntica, quando era director da A.D.A. e fomos campeões e em minha opinião (por isso sai da direcção e do clube) não deveríamos subir. Na altura isso aconteceu, porque o que havia sido prometido, não estava garantido. Na altura senti que as condições não estavam reunidas (o que aconteceu, pois só graças ao esforço do presidente do clube e da direcção da altura é que o Alter acabou a época, pois não tinha capacidade financeira para o fazer). Fora estes casos específicos, as equipas devem subir.
Mas como diz o ditado” cada um sabe de si…”.
Por fim, penso que ao termos equipas no nacional, o nosso distrital iria evoluir e melhorar, principalmente ao nível da exigência dos jogos, da organização dos clubes e da preparação dos mesmos.

(*) De todos os directores que já fizeram parte das equipas que representou como jogador e como treinador de futsal, qual o que mais o marcou? Rafa, Rui Bomba ou João Galinha??
Esta pergunta só pode ser de uma pessoa. lol. Como já referi anteriormente, tive o prazer de conhecer no futsal e no futebol excelentes pessoas. Além destes 3 directores, conheci outros que sempre trabalham em prol dos seus clubes e me trataram sempre com muito respeito e lealdade.
Ainda assim, destaco a humanidade e humildade do Sr. Rui, a grande lealdade do Rafael, que sempre me apoiou e se disponibilizou para ajudar e por fim, o grande espírito de ajuda e de entrega do Sr. João Matos (João Galinha) para com o meu trabalho e para com a modalidade e o clube. No Eléctrico também de destacar outros directores que trabalharam em prol do futsal, como foi o caso do Sr. José Matos e actualmente do Sr. Vitor Guiomar.
Ser director, é o papel mais difícil dos clubes e valorizo muito o trabalho destas pessoas.

Qual o melhor jogador com que já jogou? E o melhor treinador?
Já joguei com muitos bons jogadores. Não falando dos jogadores com quem jogo actualmente, destaco o João Pista, com o qual tinha um entendimento perfeito. Dizemos muitas vezes por brincadeira, que tínhamos o melhor canto que pode haver no futsal. Nem era preciso fazer ou dizer nada, ambos sabíamos onde pôr e ir buscar a bola nos cantos e restantes bolas paradas. De resto joguei com muitos bons jogadores.
Quanto aos treinadores também destaco muitos. Desde o Leonel (dois primeiros anos de futsal), que era uma pessoa muito humana até ao Manuel Grossa, uma pessoa com muitos conhecimentos de futsal.
Mas gostaria de destacar o treinador da Boa Esperança, o professor Humberto Cadete, que no momento mais triste da minha carreira (a minha lesão mais grave) foi de um apoio e confiança fundamental, para não deixar de jogar, pois desde muito novo que digo: caso tivesse uma lesão que considerasse grave, abandonaria o futsal ou o futebol. Caso não tivesse o seu apoio e confiança (bem como dos colegas), provavelmente acabaria a minha carreira nessa altura.

Gatxé disse...
Chico não sei qual é o vosso projecto futuro no futsal, mas gostava que pudessem criar uma equipa de juvenis e/ou de juniores sob pena de um dia vocês, como grande equipa que são e certamente um exemplo para os mais novos, não terem um dia mais tarde tempo de transmitir o vosso espírito vencedor a estes. O que dizes?
Esse é realmente um problema que tem de ser resolvido em breve. No entanto não é fácil, pois os bons jogadores, têm a oportunidade e aproveitam-na, de jogar no futebol 11. Tentamos aproveitar outros jogadores, como foi o caso do Duarte Carvalho (ex Galveias) do Luis Carlos e do André (mais recentemente) que não se impuseram no futebol 11, ou não tinham disponibilidade para praticar esse desporto e que podem ter sucesso no futsal, caso tenham paciência e esperem pela sua oportunidade.
No entanto, esperemos já para o ano, construir outra equipa de futsal.

Jogar em “casa” e ter o pavilhão muito bem preenchido ou até mesmo cheio de público, é mais valia.
No entanto também pode ser uma forma de pressão. Como é que tu e a equipa lidam com esta fórmula?
Felizmente temos a sorte de ter sempre o pavilhão “bem composto”. Não vemos ou sentimos alguma vez, pressão por jogar em casa, pelo contrário, é em casa que conseguimos a maioria dos nossos pontos. Quando os adeptos e sócios estão descontentes com a equipa, um jogador ou com o treinador, estão no seu direito de adeptos e sócios e cremos sempre, que o fazem para melhorar o rendimento da equipa e não prejudicar o mesmo.

Para além do vosso contributo ao Clube, o mesmo também corresponde... quais as condições que dispõem e se de onde vem toda essa força para tanto ritmo desportivo?
Temos as condições que podemos ter e sei que as temos, porque o clube e os jogadores fazem um esforço para as termos. Se podíamos ter mais condições (especialmente ao nível do número de treinos), eu gostaria que sim, mas nunca me irão ouvir utilizar qualquer problema ou situação, como desculpa para a possível não obtenção de resultados.
Repito: temos as condições que podemos ter e que sabíamos que íamos ter.

Quem são os teus ídolos?
Presumo que esta pergunta seja ao nível do futsal: não tenho nenhum, apenas respeito quem trabalha em prol da modalidade.

Conta-nos 1 ou 2 episódios de jogo, que jamais esquecerás?
Esta é uma boa pergunta e poderia ter muitas respostas, mas gostaria de salientar os momentos menos bons e as pessoas que me apoiaram.
Em Castelo Branco (onde estudava e não tinha ninguém, (além de amigos) lesionei-me (rasguei a carne em frente à Tíbia e arrisquei-me a fracturar a mesma, pois embati com a perna no poste da baliza com alguma violência e sem a devida protecção da caneleira) e na recuperação tive o apoio do treinador e dos colegas de equipa. O treinador chegou inclusive a oferecer-me a sua casa no primeiro dia, após ter “sido cozido” na zona da tíbia, pois saberia que iria ter dores nessa noite.
Também os meus colegas e o enfermeiro da equipa foram de uma ajuda fundamental. Foi sem dúvida, um momento triste na minha carreira.
Lembro-me no final de um jogo e após mais uma derrota (na 2ª época no Eléctrico, primeira de nacional), ter dito ao João Guerra (na altura meu adjunto), que possivelmente não seria a solução e talvez me colocasse à disposição do clube, para que fizesse o que entendesse necessário para que o clube mudasse os resultados (derrotas consecutivas) e que ele se deveria manter, pois seria bom para ele e para o clube. Claramente me respondeu que ia ou ficava comigo. Em minha opinião, não foi uma resposta inteligente, mas muito leal e prezo muito a lealdade das pessoas. A mesma atitude teve o João Pista (que muitos pensavam ser impossível ir para o Eléctrico) que ficou ao meu lado, até ao fim.
Neste episódio lembro-me também de três pessoas (além dos jogadores que manifestaram-me pessoalmente o seu apoio): os directores do clube, o Emanuel, que jogo após jogo me encoraja após mais uma derrota e por fim, o presidente do clube, que sempre, mas sempre me “segurou” no comando da equipa, mesmo quando a maioria das pessoas (e com razão, devido aos resultados obtidos até então), incluindo eu, pensavam que se deveria fazer algo “radical”.
Por fim, uma das decisões mais difíceis da minha vida desportiva: quanto sai de Castelo Branco e voltei para o Alentejo (para trabalhar após ter finalizado o curso) todos pensavam que iria a continuar a ser director e voltaria igualmente como jogador para a A.D.A., até porque esta equipa tinha acabado de subir (ficando o Eléctrico em segundo lugar). Tive que dizer não a amigos de infância. Foi uma decisão muito difícil, complicada, que me tirou noites de sono, mas não poderia dar a minha palavra a jogadores, quando saberia que não a poderia cumprir. Foi uma decisão correcta, justificável, mas que “doeu” muito, pois tive que dizer não aos meus amigos de infância. A mudança para o Eléctrico também não foi pacífica, mas saí de consciência tranquila, pois não saí por dinheiro ou coisa do género, mas por saber que não conseguiria cumprir o que iria e deveria prometer aos jogadores (ia continuar como director) e isso jamais o irei fazer. Posso garantir-lhe que iria ganhar o dobro em Alter (caso recebesse o prometido) do que ganhei nessa época em Ponte de Sor.
Falando de coisas positivas, lembro-me de todos os títulos positivos que conquistei e de todas as amizades feitas o mundo do futsal e do futebol, que conservo ano após ano.

Qual ou quais as vitórias mais saborosas? Alguma no último segundo de jogo?
Já perdi mais jogos nos últimos segundos do que ganhei. Mas a vitória mais saborosa, foi a vitória contra o Núcleo Sportinguista de Leiria, que nos garantiu a manutenção, na primeira época (atribulada) no nacional de futsal.
Tens algum adversário que nunca tenhas ganho? E o inverso?
No nacional, em 5 jogos realizados, nunca consegui ganhar ao externato da Benedita. O inverso, penso que nunca aconteceu.

Para terminar, peço-te uma mensagem para os seguidores do Blog, para os atletas e fãs do futsal.
Em primeiro lugar, agradecer ao Sr. João Valente pelo contributo que dá à modalidade e o apoio que demonstra pelo clube e pela modalidade em particular.
A todos os atletas da modalidade, um agradecimento pelo trabalho que vêem desenvolvimento na modalidade.
Por fim, uma palavra de apreço pelos “fãs” do futsal, em particular (permitam-me que o faça) aos sócios e simpatizantes do Eléctrico Futebol Clube que apoiam a modalidade. Quando jogamos na zona de Lisboa, temos pelo menos um adepto (que penso residir nessa área) que se desloca ao pavilhão para nos apoiar. São gestos simples, mas que engrandecem o clube e a modalidade.
Um bem-haja a todos.


Agradecemos a disponibilidade (e paciência) do Francisco Aragonêz para esta conversa.

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