Futsal


A época oficial de futsal sénior 2013/14 para as equipas do distrito de Portalegre que vão participar em competições nacionais, está quase a começar. Já são conhecidos os calendários de jogos para o Campeonato e Taça de Portugal.
Fomos ao encontro de atletas de futsal que passaram pelo nosso distrital e que agora têm (ou vão ter) a experiência de jogar no Campeonato Nacional…

Daniel Filipe Lopes Ramalhete, tem 22 anos, é natural de Nisa, e pratica o futsal desde da época 2007/2008. Já representou o Nisa Futsal Clube por 5 épocas e na época transata esteve integrado no plantel da Caldas SC – 3.ª Divisão Nacional.


Como descreves a tua participação na competição nacional?
Em duas palavras descrevo a minha participação na competição nacional como de curta e positiva. Numa fase inicial foi complicado, tive que me adaptar a uma nova equipa, a uma nova realidade, era tudo diferente do que estava habituado, pois nunca tal tinha jogado em nenhuma equipa fora de Nisa, sempre preferi jogar nos clubes da terra, mas oportunidades destas não surgem todos os dias e tinha que aceitar este desafio e não me arrependo de o ter feito.
Tal como referi a adaptação não foi fácil, era tudo diferente, não conhecia ninguém, nem sequer as instalações do clube eu conhecia, conhecia apenas um pouco da cidade, e era mal, até me enganei no caminho no primeiro treino, mas depressa me adaptei ao grupo, era um grupo fantástico cheio de jogadores experientes. Inicialmente custou um pouco, treinos duros a mais de 30km de casa (pois morava em Peniche, cidade onde estudo), chegar a casa sempre depois da meia-noite, cansado, ainda por jantar, e muitas vezes desiludido comigo próprio, com a minha prestação no treino, pois ali pequenos erros já não eram admitidos, mas sempre com vontade que viesse o próximo treino para tentar melhorar e para aprender mais.

A pré época correu bem, muitos jogos, na maioria das vezes mais do que um jogo por fim de semana, o que é bastante positivo, serve para ganhar ritmo, e torna a adaptação dos jogadores novos à equipa e aos modelos de jogo mais fácil, mas também é um pouco cansativo, pois o ritmo é muito elevado. Quando começou os jogos oficiais é que as coisas a nível pessoal ficaram um pouco mais complicadas, enquanto lá estive, fiz sempre parte da convocatória, mas nalguns jogos fui um mero espectador no banco de suplentes, coisa que nenhum jogador gosta, como é claro, pois falo por mim estou sempre desejoso de ser chamado e tentar ajudar a equipa, mas acima de tudo respeitei sempre o treinador e as suas opções e como é lógico compreendo-as, e sempre que fui chamado dei o máximo em prólogo da equipa. Infelizmente não terminei a época, só cumpri cerca da 1ª volta do campeonato, pois tive um acidente automóvel ficando assim impossibilitado de comparecer aos treinos e aos jogos, é que devido a esse acidente fiquei sem viatura, que era o meu meio de transporte para as Caldas da Rainha.

Apesar de curta foi uma experiência muito positiva, onde aprendi muito, pois tive a sorte de ingressar numa grande equipa, cheia de bons jogadores e com um excelente treinador, não poderia também falar da minha experiência no Caldas sem referir uma pessoa, o Ricardo Lucas, dirigente do clube que desde de cedo deu para perceber que é uma excelente pessoa e que trabalha muito em função do clube, faz tudo o que está ao seu alcance para que os jogadores se sintam em casa.
Em suma, devo de dizer que o que mais me agradou nesta experiência foi o facto de ser algo novo ao que estava habituado, jogar com jogadores bastante experientes com muito para ensinar, competir num campeonato nacional e na taça de Portugal, a intensidade dos treinos, as longas deslocações etc. Foi uma boa experiência, no qual apesar de ter sido curta, foi bastante positiva, onde aprendi e acho que melhorei como jogador e como pessoa e apesar de parecer ter sido um “ano perdido” nalguns aspetos não me arrependo de ter tomado essa decisão e é com orgulho que fiz parte do plantel do Caldas Sport Clube na época passada.


Que evolução sentes ter adquirido após esta experiência?
Sinto que melhorei bastante, cresci como jogador e vi realmente o que é o futsal, pois apesar de termos muito bons jogadores na nossa distrital sinto que estamos ainda muito distante daquilo que se pretende numa competição nacional.
Como jogador sentia que estava um pouco estagnado, não estava a evoluir, pois como sou estudante em Peniche apesar de jogar no Nisa Futsal Clube era raro treinar, só o conseguia fazer mesmo durante as férias do Natal e Páscoa e assim era complicado evoluir. Ali tive uma oportunidade, pois 3 treinos semanais muito intensos, com bons jogadores e com um treinador muito experiente, o Mister Gabriel Fernandes no qual agradeço imenso por tudo o que me ensinou no pouco tempo que trabalhei com ele, sempre foi bastante prestável e compreensível nos meus erros pessoais, aprendi muito com ele e estou-lhe grato por isso.

Ali os treinos eram muito intensos, e tínhamos que dar o máximo pois era um grupo muito forte e havia alguma competitividade, o que era positivo, fazia-nos dar o “litro” em todos os treinos, tínhamos de lutar por um lugar na equipa, tínhamos que lutar para jogar o que de certa forma faz com que melhoremos como jogadores.

Esta experiência fez-me também crescer como pessoa, uma nova “realidade”, num sítio desconhecido, com pessoas desconhecidas, longe de casa, longe da família e namorada, onde nalguns fins-de-semana abdicava de ir a casa, de estar com eles para ficar e jogar mas nem sempre era assim, algumas vezes ficava para jogar e não chegava a entrar sequer, e admito que isso era o que mais me custava, pensei em desistir algumas vezes, e digo-o sem vergonha, pois estava apenas a ver a namorada e família muitas poucas vezes e quando ia a casa, era sábado depois do jogo, ou seja, chegava a casa de noite e domingos ia embora, eram visitas relâmpagos, fez-me crescer, tomar decisões e opções e no fundo não me arrependo de as ter tomado assim, apenas tenho pena de não ter tido a possibilidade de continuar no plantel na 2º metade da época, pois penso que iria crescer ainda muito mais nos diversos níveis, sinto que quando estava totalmente integrado nos sistemas de jogos e na equipa é que fui obrigado a parar pelos piores motivos.


Que diferenças e pontos em comum, encontras entre o n/ distrital e a competição nacional?
Existem muitas diferenças, mas a principal e a que se realça mais é a intensidade do jogo, a forma de como o jogo é vivido, parece que nunca há cansaço, o último minuto é jogado como se fosse o primeiro, o ritmo é impressionante. O campo de jogo parece que encurta, dificilmente se encontra espaço para jogar, não se consegue ter a bola muito tempo nos pés, e se o fizermos, depressa somos “abafados” pelos adversários, principalmente no meio campo adversário, onde a pressão é enorme, não existe tempo para pensar, tem que se agir rapidamente.

Falando dos treinos, como já referi eram de enorme intensidade e eram no sentido de preparar o próximo jogo, o treinador via vídeos quando possível e estudava a equipa adversária, e pelo menos dois treinos semanais eram em função do adversário, desde de saídas de pressão, sistemas de jogo ou mesmo bolas paradas, isso era bastante útil depois na abordagem do jogo.

Em termos da nossa distrital, apesar de termos grandes jogadores penso que falta competitividade às equipas e isso é essencial, existem muitas equipas no distrito que participam por participar, é sempre bom participar como é óbvio mas falta-lhes talvez ambição, é necessário que as equipas tenham apoios suficientes para tentar “sonhar” em ir mais além, sei que é difícil ter-se esses apoios, pois faço parte da direção do Nisa Futsal Clube e sei a realidade que se vive em termos de clubes, por isso acho que as associações deviam de fazer algo mais, algo que fizesse com que os clubes não se extinguem, pois lembro-me de quando comecei a jogar futsal, só na cidade de Portalegre jogavam várias equipas, Reguengos, Portalegrense, Estrela, Alagoa, ESTG, Portus Alacer, e na época transata não existia nenhuma equipa a jogar na capital de distrito, e acho que quando isso acontece é porque algo não está certo. Mas também é de salientar que são raros os jogadores na nossa distrital que usufruem de pagamentos, a maioria joga por amor à camisola e isso hoje em dia é raro ver-se é de louvar essas atletas que semana após semana dão tudo pelo clube que representam e é de louvar também as equipas que apesar da situação financeira que se vive no país e dos gastos que ter uma equipa tem, que por sinal são bastantes, continuam de portas abertas e promover o desporto e o futsal no nosso distrito.


Que opinião tens sobre a reformulação das competições para esta época?
Acho ótimo, acho que um campeonato com apenas 12 jogos não é positivo para ninguém, era necessário fazer-se algo, e isto é um princípio, uma nova competição, mais jogos, é sempre bom. É de elogiar também o novo sistema das camadas jovens, onde além de se realizar o torneio de abertura e a taça da associação, iremos ter também um campeonato com 4 voltas, o que implica que se realizem mais jogos, o que é extremamente positivo nas formações, é importante desenvolver o desporto entre os mais novos, é necessário promover o futsal e com tantos poucos jogos vinha a ser complicado.


Que conselho(s) dás a quem ambiciona participar numa competição nacional?
O conselho que eu dou é que sejam ambiciosos, que nunca desistam dos objetivos e que se trabalharem bem o esforço será recompensado. Nunca baixar a cabeça e que praticam o desporto, seja ele futsal ou não, sempre com um sorriso na cara e de preferência que se divirtam a faze-lo pois isso é essencial.

Para terminar aproveito aqui para agradecer à instituição do Caldas Sport Clube, ao mister Gabriel Fernandes pela oportunidade que me deu e a todos envolvidos ao clube, tanto jogadores como dirigentes, que sempre me ajudaram. O meu sincero obrigado.

Um obrigado também ao senhor João Valente do Pixeis de Desporto, pelo convite e oportunidade de contar a minha experiência. 

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